sexta-feira, junho 22, 2012

Rio+20: uma agenda pelo desenvolvimento sustentáveL




Julio Francisco Dantas de Rezende
Instituto de Inovação/ UERN/ FACEN/ CRA-RN

            Fim de colônias de abelhas, seca severa, inundações e tempestade, deglaciação, entre outros temas têm convidado a uma preocupação maior em se compreender a promoção do desenvolvimento sustentável. Um lugar certo para essa discussão é a Rio +20. Tive oportunidade de participar da Rio+20 e avalio que esses três dias foram realmente significativos enquanto uma transformação pessoal.
            No primeiro dia (18 de junho) tive oportunidade de participar da Cupula dos Povos onde realizei a apresentação da conferência "Inovações em sustentabilidade para o aquecimento global". Na oportunidade de realização desta conferência tive discuti iniciativas relacionadas às inovações que estão surgindo relacionadas a maior eficiência energética, combate à poluição atmosférica, da água e do solo.
            A Cúpula dos Povos envolveu a participação de movimentos sociais e populares de todo o Brasil e do mundo. Foi possível perceber no evento paralelo à Rio+20 uma visão mais crítica quanto ao atual comportamento do governo brasileiro quanto ao seu compromisso com o desenvolvimento sustentável.
            Algumas pessoas de visão mais crítica consideram que o referido evento mundial voltado à discussão dos modelos de desenvolvimento deveria se chamar de Rio-20, em alusão a uma possível regressão ao que já via sido acertado no evento realizado em 1992, a Rio92.
            No  meu ponto de vista, existiriam duas visões em diálogo: uma com maior ênfase social e ambiental e outra de maior valorização da sustentabilidade com cuidado na promoção da sustentabilidade econômica.
            No que se refere aos dois eventos, a Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental possui uma ênfase mais passional e de envolvimento social e político enquanto que na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD), mais conhecida como Rio+20, busca-se evidências em estudos científicos e de interesse da diplomacia dos países e grupos econômicos. Enquanto que o primeiro a base de sustentação é mais popular, o segundo evento pauta-se por uma maior respaudo institucional e econômico.
            Um dos grandes desafios iniciais encontrados para participar do evento referiu-se a encontrar informações referentes à programação. Pode-se dizer que as principais informações do evento encontravam-se on line, na internet, e mais compreensíveis para alguém que possuisse um smartphone. Essa seria uma primeira quebra de paradigma no modo como ocorrerá os grandes eventos a partir de agora: menos papel e toda a programação on line acessível através de aplicativos desenhados aos objetivos do evento. Desse modo, a divulgação e mobilização desse tipo de evento acontecerá cada vez mais pela internet, sendo o evento em si um ápice, a consubstanciação do encontro de pessoas, havendo também a reverbaração das ideias pós o evento.
            A participação na Rio+20 permitiu a emergência e consciência referente à seguinte questão: como mudar a vida das pessoas? Como prover essa melhoria? Recomendaria-se algumas iniciativas: 1 -  ênfase no processos de gestão das práticas de sustentabilidade; 2 - educação; 3 - liderança; 4 - comunicação; e 5 - construção de conhecimentos relativos ao desenvolvimento sustentável.
            Nota-se que a crise econômica que afeta a Europa e o mundo propicia uma discussão sobre se o modelo econômico está logrando os benefícios esperados à coletividade. É necessário se refletir sobre quem são os mais vulneráveis com o fenômeno dessa crise.


Processos de gestão das práticas de sustentabilidade
            Na Rio+20 foi possível observar grandes avanços em relação ao evento realizado em 1992.  O que merece maior destaque é o fato da construção de conhecimentos e técnicas referentes à gestão da sustentabilidade. Também surgiram novos estudos científicos referentes à avaliação da sustentabilidade. Contudo, permanece o desafio de se fazer uso de novos métodos científico para a promoção do desenvolvimento sustentável.
            No que se refere à uma agenda global de compromissos com o desenvolvimento sustentável, necessita-se existir a responsabilização local pelo desenvolvimento de algumas atividades. Essa trata-se de uma iniciativa necessária para que se empreenda a implementação de controles. É necessário uma atenção aos processos que garantam que status de sustentabilidade sejam alcançados.
            Mostra-se muito importante a criação de fóruns que proporcionem a conexão entre pessoas, tendo em vista a discussão sobre soluções relacionadas aos problemas ambientais mundiais. Demanda-se que exista um maior envolvimento voluntário com a melhoria de novos padrões de comportamento sustentável.

Educação
            A educação é um instrumento que permite: 1) proporcionar melhores empregos; 2) um futuro mais positivo ao planeta; 3) distribuição e acesso a conhecimentos sociais, econômicos e ambientais; 4) criação de uma conscientização acerca da agenda de países relacionada ao meio ambiente.
            A educação para a sustentabilidade deve estar conectada com temas globais relacionados ao meio ambiente. Nesse sentido, é pertinente o desenvolvimento de estratégias de acompanhamento e benchmarking sobre está acontecendo no mundo em termos de soluções e ameaças relativas à conservação do meio ambiente.
            O professor é peça fundamental para a promoção da sustentabilidade. Para pensar a forma de atuação do professor é necessária uma análise sobre quais seriam algumas ações que já estão sendo desenvolvidas pelos professores em escolas de ensino fundamental e médio, assim como também no ensino superior.
            Aquelas iniciativas que possuam uma contribuição, poderiam ser compartilhadas para que outras instituições de ensino venham a adotar. É pertinente criar programas voltados à formação de professores, mas com uma ênfase especial na avaliação da aprendizagem relativa à sustentabilidade.
            Nota-se também importante pensar sobre o currrículo formal. A pertinência de um currículo formal revela esforço e emergência em se promover a internalização de conhecimentos sobre a sustentabilidade.
            A educação deve ser um instrumento de criação de valores. Essa será a mais importante herança para uma geração em formação. É a educação que pode proporcionar novos relacionamentos entre pessoas e ambiente.


Liderança
            Educação e processos de gestão da sustentabilidade precisam ser capitaneados por uma iniciativa e comportamento de liderança. Desse modo, pode-se afirmar: gestão não é suficiente! É necessário liderança! É essa liderança que convidará a participação da juventude que terá um papel fundamental na mudança da realidade estabelecida.
            Quem empreenderá essa liderança? A referida liderança já está sendo empreendida por movimentos sociais, estudantis, empresariais, governos e organizações do Terceiro Setor. Entre as preocupações e atenções dessas lideranças está pensar sobre como induzir e incentivar a indução de comportamentos de sustentabilidade. Nota-se que as Organizações Não Governamentais têm um papel proeminente.

Comunicação
            No processo de liderança e organização das comunidades, deve-se refletir sobre como as comunidades podem estar organizadas para produzir conhecimento.  É pertinente refletir a necessidade de metodologia para produzir conhecimento. Uma avaliação que pode existir quanto à comunicação do desenvolvimento sustentável é que não tem ocorrido uma percepção de integração entre as diversas ações de comunicação.

Construção de conhecimentos
            Demanda-se refletir sobre a capacidade de se construir conhecimento. Como isso pode ser um instrumento para construir empowerment por parte das comunidades locais?
            É pertinente se fazer uso de todas as mídias possíveis para a divulgação de reflexões sobre o desenvolvimento sustentável. Os educadores também são recursos imprescidíveis nesse sentido.
            Quando se divulga uma experiência de sucesso de desenvolvimento sustentável que acontece em uma comunidade, isso encoraja que comunidades vizinhas ou até em um lugar distante também façam o mesmo.
           


Conclusão
            É fundamental que setores econômicos como o de petróleo e gás natural procurem estar orientados para atuarem em novos mercados, como os relacionados às energias renováveis, diminuindo a dependência de recursos deles do mercado tradicional de petróleo. Quando se enfatiza estar orientados à atuação no mercado de energias renováveis se está enfatizando que organizações de apoio empresarial como o SEBRAE devem orientar a transformação desse mercado. Empresas devem estar conscientes das possibilidades de atuação e faturamento neste novo mercado.
            Nesse sentido, no que se refere ao surgimento de iniciativas que induzam o fortalecimento da economia verde e relativas à economia de energias renováveis, nota-se a necessidade de políticas públicas que sejam operacionalizáveis. Também, posteriormente, os resultados dessas políticas precisam ser avaliados.
            É necessário que os estados estejam preparados para operacionalizar suas políticas públicas, porque essas serão as principais ferramentas da gestão pública. Uma questão que deve estar presente nas agendas dos governos é relacionado aos empregos. Desse modo, políticas públicas voltadas à inovação e à sustentabilidade são uma importante orientação à criação e à geração de empregos.
            É necessário considerar que o encontro da Rio 92 ao seu término foi considerada um fracasso, hoje é percebida enquanto um marco na discussão sobre o desenvolvimento sustentável. Percebe-se que a Rio+20 terá destino semelhante, sendo mais um degrau no estabelecimento de orientações à ação voltada à sustentabilidade.
            Foi possível observar no evento um engajamento de pessoas e governos de todas as partes do mundo em pensar e operacionalizar ações voltadas às melhorias das condições da população. Tratou-se de muita gente reunida engajada em fazer algo positivo.
            Foi muito gratificante a participação do Instituto de Inovação e Sustentabilidade no debate sobre a contribuição da sociedade civil, das ONGs na construção do conhecimento sobre sustentabilidade. Na quarta-feira, 20 de junho, quando voltava do centro de convenções do Rio Centro para o aeroporto Santos Dumont que a cidade do Rio de Janeiro no seu atual modelo de desenvolvimento não suporta a realização da Copa do Mundo e os jogos olímpicos de 2016. Algumas pessoas se questionaram se a cidade estará habilitada para receber os referidos megaeventos. Acredito que seja possível, contudo é necessário maior investimento em infraestrutura. Ficam as lições ao desenvolvimento sustentável  de pessoas, ambiente e economia.

Um comentário:

Jeronimo Freire disse...

Prezado amigo Rezende,

Parabenizo sua fala na Rio+20 - "Uma agenda pelo desenvolvimento sustentável", é muito importante essa visão de gestão, centrada em aspectos ambientais. No que diz respeito a educação, temos ações que levam a uma mudança no foco das questões, pessoalmente defendo um ensino de ciências com atividades práticas e norteadas em eixos de estudo que provoque uma consciência crítica dos alunos (veja o vídeo do nosso projeto, acesse http://www.youtube.com/watch?v=egim-AirdOY). Um grande abraço. Jeronimo Freire