Julio Francisco Dantas de Rezende
Instituto de Inovação/ UERN/ FACEN/ CRA-RN
Fim de colônias de abelhas, seca
severa, inundações e tempestade, deglaciação, entre outros temas têm convidado
a uma preocupação maior em se compreender a promoção do desenvolvimento
sustentável. Um lugar certo para essa discussão é a Rio +20. Tive oportunidade
de participar da Rio+20 e avalio que esses três dias foram realmente significativos
enquanto uma transformação pessoal.
No primeiro dia (18 de junho) tive
oportunidade de participar da Cupula dos Povos onde realizei a apresentação da
conferência "Inovações em sustentabilidade para o aquecimento global".
Na oportunidade de realização desta conferência tive discuti iniciativas
relacionadas às inovações que estão surgindo relacionadas a maior eficiência
energética, combate à poluição atmosférica, da água e do solo.
A Cúpula dos Povos envolveu a
participação de movimentos sociais e populares de todo o Brasil e do mundo. Foi
possível perceber no evento paralelo à Rio+20 uma visão mais crítica quanto ao
atual comportamento do governo brasileiro quanto ao seu compromisso com o
desenvolvimento sustentável.
Algumas pessoas de visão mais
crítica consideram que o referido evento mundial voltado à discussão dos
modelos de desenvolvimento deveria se chamar de Rio-20, em alusão a uma
possível regressão ao que já via sido acertado no evento realizado em 1992, a
Rio92.
No
meu ponto de vista, existiriam duas visões em diálogo: uma com maior
ênfase social e ambiental e outra de maior valorização da sustentabilidade com
cuidado na promoção da sustentabilidade econômica.
No que se refere aos dois eventos, a
Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental possui uma ênfase
mais passional e de envolvimento social e político enquanto que na Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD), mais conhecida
como Rio+20, busca-se evidências em estudos científicos e de interesse da
diplomacia dos países e grupos econômicos. Enquanto que o primeiro a base de
sustentação é mais popular, o segundo evento pauta-se por uma maior respaudo
institucional e econômico.
Um dos grandes desafios iniciais
encontrados para participar do evento referiu-se a encontrar informações
referentes à programação. Pode-se dizer que as principais informações do evento
encontravam-se on line, na internet, e mais compreensíveis para alguém que
possuisse um smartphone. Essa seria uma primeira quebra de paradigma no modo
como ocorrerá os grandes eventos a partir de agora: menos papel e toda a
programação on line acessível através de aplicativos desenhados aos objetivos
do evento. Desse modo, a divulgação e mobilização desse tipo de evento
acontecerá cada vez mais pela internet, sendo o evento em si um ápice, a
consubstanciação do encontro de pessoas, havendo também a reverbaração das
ideias pós o evento.
A participação na Rio+20 permitiu a
emergência e consciência referente à seguinte questão: como mudar a vida das
pessoas? Como prover essa melhoria? Recomendaria-se algumas iniciativas: 1 - ênfase no processos de gestão das práticas de
sustentabilidade; 2 - educação; 3 - liderança; 4 - comunicação; e 5 -
construção de conhecimentos relativos ao desenvolvimento sustentável.
Nota-se que a crise econômica que
afeta a Europa e o mundo propicia uma discussão sobre se o modelo econômico
está logrando os benefícios esperados à coletividade. É necessário se refletir
sobre quem são os mais vulneráveis com o fenômeno dessa crise.
Processos de gestão das práticas de
sustentabilidade
Na Rio+20 foi possível observar
grandes avanços em relação ao evento realizado em 1992. O que merece maior destaque é o fato da
construção de conhecimentos e técnicas referentes à gestão da sustentabilidade.
Também surgiram novos estudos científicos referentes à avaliação da
sustentabilidade. Contudo, permanece o desafio de se fazer uso de novos métodos
científico para a promoção do desenvolvimento sustentável.
No que se refere à uma agenda global
de compromissos com o desenvolvimento sustentável, necessita-se existir a
responsabilização local pelo desenvolvimento de algumas atividades. Essa
trata-se de uma iniciativa necessária para que se empreenda a implementação de
controles. É necessário uma atenção aos processos que garantam que status de
sustentabilidade sejam alcançados.
Mostra-se muito importante a criação
de fóruns que proporcionem a conexão entre pessoas, tendo em vista a discussão
sobre soluções relacionadas aos problemas ambientais mundiais. Demanda-se que
exista um maior envolvimento voluntário com a melhoria de novos padrões de
comportamento sustentável.
Educação
A educação é um instrumento que
permite: 1) proporcionar melhores empregos; 2) um futuro mais positivo ao
planeta; 3) distribuição e acesso a conhecimentos sociais, econômicos e
ambientais; 4) criação de uma conscientização acerca da agenda de países
relacionada ao meio ambiente.
A educação para a sustentabilidade
deve estar conectada com temas globais relacionados ao meio ambiente. Nesse
sentido, é pertinente o desenvolvimento de estratégias de acompanhamento e
benchmarking sobre está acontecendo no mundo em termos de soluções e ameaças
relativas à conservação do meio ambiente.
O professor é peça fundamental para
a promoção da sustentabilidade. Para pensar a forma de atuação do professor é
necessária uma análise sobre quais seriam algumas ações que já estão sendo
desenvolvidas pelos professores em escolas de ensino fundamental e médio, assim
como também no ensino superior.
Aquelas iniciativas que possuam uma
contribuição, poderiam ser compartilhadas para que outras instituições de
ensino venham a adotar. É pertinente criar programas voltados à formação de
professores, mas com uma ênfase especial na avaliação da aprendizagem relativa
à sustentabilidade.
Nota-se também importante pensar
sobre o currrículo formal. A pertinência de um currículo formal revela esforço
e emergência em se promover a internalização de conhecimentos sobre a
sustentabilidade.
A educação deve ser um instrumento
de criação de valores. Essa será a mais importante herança para uma geração em
formação. É a educação que pode proporcionar novos relacionamentos entre
pessoas e ambiente.
Liderança
Educação e processos de gestão da
sustentabilidade precisam ser capitaneados por uma iniciativa e comportamento
de liderança. Desse modo, pode-se afirmar: gestão não é suficiente! É
necessário liderança! É essa liderança que convidará a participação da
juventude que terá um papel fundamental na mudança da realidade estabelecida.
Quem empreenderá essa liderança? A
referida liderança já está sendo empreendida por movimentos sociais,
estudantis, empresariais, governos e organizações do Terceiro Setor. Entre as
preocupações e atenções dessas lideranças está pensar sobre como induzir e
incentivar a indução de comportamentos de sustentabilidade. Nota-se que as Organizações
Não Governamentais têm um papel proeminente.
Comunicação
No processo de liderança e
organização das comunidades, deve-se refletir sobre como as comunidades podem
estar organizadas para produzir conhecimento. É pertinente refletir a necessidade de
metodologia para produzir conhecimento. Uma avaliação que pode existir quanto à
comunicação do desenvolvimento sustentável é que não tem ocorrido uma percepção
de integração entre as diversas ações de comunicação.
Construção de conhecimentos
Demanda-se refletir sobre a
capacidade de se construir conhecimento. Como isso pode ser um instrumento para
construir empowerment por parte das comunidades locais?
É pertinente se fazer uso de todas
as mídias possíveis para a divulgação de reflexões sobre o desenvolvimento
sustentável. Os educadores também são recursos imprescidíveis nesse sentido.
Quando se divulga uma experiência de
sucesso de desenvolvimento sustentável que acontece em uma comunidade, isso
encoraja que comunidades vizinhas ou até em um lugar distante também façam o
mesmo.
Conclusão
É fundamental que setores econômicos
como o de petróleo e gás natural procurem estar orientados para atuarem em
novos mercados, como os relacionados às energias renováveis, diminuindo a
dependência de recursos deles do mercado tradicional de petróleo. Quando se
enfatiza estar orientados à atuação no mercado de energias renováveis se está
enfatizando que organizações de apoio empresarial como o SEBRAE devem orientar
a transformação desse mercado. Empresas devem estar conscientes das
possibilidades de atuação e faturamento neste novo mercado.
Nesse sentido, no que se refere ao
surgimento de iniciativas que induzam o fortalecimento da economia verde e relativas
à economia de energias renováveis, nota-se a necessidade de políticas públicas
que sejam operacionalizáveis. Também, posteriormente, os resultados dessas
políticas precisam ser avaliados.
É necessário que os estados estejam
preparados para operacionalizar suas políticas públicas, porque essas serão as
principais ferramentas da gestão pública. Uma questão que deve estar presente
nas agendas dos governos é relacionado aos empregos. Desse modo, políticas públicas
voltadas à inovação e à sustentabilidade são uma importante orientação à criação
e à geração de empregos.
É necessário considerar que o
encontro da Rio 92 ao seu término foi considerada um fracasso, hoje é percebida
enquanto um marco na discussão sobre o desenvolvimento sustentável. Percebe-se
que a Rio+20 terá destino semelhante, sendo mais um degrau no estabelecimento
de orientações à ação voltada à sustentabilidade.
Foi possível observar no evento um
engajamento de pessoas e governos de todas as partes do mundo em pensar e
operacionalizar ações voltadas às melhorias das condições da população.
Tratou-se de muita gente reunida engajada em fazer algo positivo.
Foi muito gratificante a
participação do Instituto de Inovação e Sustentabilidade no debate sobre a
contribuição da sociedade civil, das ONGs na construção do conhecimento sobre
sustentabilidade. Na quarta-feira, 20 de junho, quando voltava do centro de
convenções do Rio Centro para o aeroporto Santos Dumont que a cidade do Rio de
Janeiro no seu atual modelo de desenvolvimento não suporta a realização da Copa
do Mundo e os jogos olímpicos de 2016. Algumas pessoas se questionaram se a
cidade estará habilitada para receber os referidos megaeventos. Acredito que
seja possível, contudo é necessário maior investimento em infraestrutura. Ficam
as lições ao desenvolvimento sustentável
de pessoas, ambiente e economia.