Economia
criativa, copa do mundo e ambiente institucional
Julio Francisco Dantas de Rezende
Meu
sentimento é de a Copa do Mundo, pelo menos em Natal, concentrar seu poder na
geração de renda mais durante os dias de realização do torneio esportivo ao
invés de um espaço de tempo mais prolongado. Entendo que empregos e
investimentos já estão sendo gerados a partir da construção do Arena das Dunas,
mas poderia ser mais.
A
copa do mundo só trará benefícios sustentáveis caso compartilhe riqueza e
oportunidades. Nesse sentido, é necessário um esforço de imaginar como os
recursos aportados via a atividade turística podem gerar oportunidades de
negócio para pequenos empreendedores.
Os
governos em suas várias esferas não estão conseguindo proporcionar um ambiente
institucional favorável à criação de novos negócios. Isso significa que não
está exitindo condições institucionais suficientes a grandes empreendedores
realizarem aportes de recursos mais vultuosos. A explicação decorreria de
atrasos na construção dos estágios, a burocracia que emperra a velocidade não
só do próprio Estado, mas de seus parceiros de negócio na iniciativa privada. Em
Natal o que está a ocorrer são investimentos e dinâmicas econômicas colaterais
relacionadas ao processo de construção do estádio Arena das Dunas.
Também
não há um Plano de Desenvolvimento Econômico que pulverize e distribua os
benefícios relacionados à criação de uma dinâmica de desenvolvimento que
integre e fomente a geração de negócios tanto para grandes investidores, quanto
para pequenos empreendedores.
Desse
modo, nota-se grandes desafios e é nesse sentido que se justifica esse texto,
com o propósito de apresentar orientações que contemplem o compartilhamento de
orientações ao desenvolvimento econômico relacionado à realização dos jogos da
Copa do Mundo de 2014 em Natal.
Propor-se-ia
então a elaboração de um Plano de Desenvolvimento Econômico Natal 2014 que
envolvesse uma atenção especial à economia criativa.
A
economia criativa envolve atividades como turismo, arquitetura, decoração, moda,
software, atividades culturais (arte, música, cinema, teatro), folclore,
artesanato, bijouterias, bares, restautantes, comida regional, arte, design,
tecnologias de um modo geral.
As
atividades inseridas no contexto da economia criativa não se tratam apenas de
grandes empresas, envolvem em sua maioria pequenos empreendimentos e
empreendedores.
É
necessário que o Governo estimule o desenvolvimento de novos negócios inseridos
no contexto da economia criativa. Alguns delineamentos são, não necessariamente
nessa ordem: 1) desenvolvimento de ações de capacitação empreendedora. O
SEBRAE-RN pode ser um importante parceiro.
2) criação de incubadoras de empresas e outros mecanismos de apoio a
empreendimentos inseridos na economia criativa. 3) criação de programas
especiais de consultoria ao pequeno empreendedor da economia cultural. 4) criar
canais de comunicação e distribuição para os produtos desenvolvidos no contexto
da economia criativa. 5) estimular o associativismo do empreendedores da economia
criativa e a troca de experiência entre eles. 6) estimular o aprendizado do
inglês e do espanhol por parte dos empreendedores a partir da oferta de cursos
de língua. 7) lançar editais de fomento de empreendimentos da economia
cultural. 8) disponibilização de linhas especiais de financiamento,
principalmente direcionadas a oferta de capital de giro, tendo em vista ser
esse tipo de capital o de maior necessidade ao desenvolvimento de produtos a
serem ofertados no contexto da economia criativa.
A
Copa do Mundo, no estímulo de atividades culturais, de lazer e entretenimento,
deve imaginar uma agenda cultural para o
período de realização da Copa do Mundo. Os governos devem estar preparados para
lançar editais de fomento e financiamento que favoreçam a operacionalização de
diversas atividades de interesse econômico e social relativos ao torneio
esportivo.
É
necessário que os empreendedores desenvolvam uma capacidade de monitorar o
lançamento de editais de apoio às atividades relacionadas à economia criativa elaborando
projetos que venham a ser submetidos à órgãos de fomento e sejam aprovados.
Finalmente,
e não menos importante, é pertinente que se realize um estudo sobre nossos
símbolos e valores culturais de modo a resgatá-los enquanto um elemento de
diferenciação em um cenário de globalização. É a compreensão desses símbolos
que será fonte de influência do design, à realização de releituras e aplicação
ao desenvolvimento de novos produtos de modo, alimentação, entre outras
atividades.
Pequenos
empreendedores inseridos no contexto da economia cultural, no momento de
realização da Copa do Mundo precisam estar preparados para ofertar seus
produtos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário