1) Qual o maior desafio de manter um blog?
O desafio é físico-psicológico, visto que para conseguir um estágio mínimo de aceitação, confiabilidade e acessos o seu editor precisa se submeter a um regime escravocrata de trabalho. Não há meio-termo. Se quiser ser pelo menos razoável, o detentor de endereço eletrônico com essa característica passa a viver sob um processo de trabalho fatigante. Não existe um "expediente" formal, legal e sob amparo de legislação especial. Os que estão acostumados ao emprego como conhecemos, com entrada e saída em horas marcadas, se entrar nesse universo sofrerá um choque brutal. Já cheguei a passar mais de 17 horas diante de um computador. Mas o resultado numérico não deixou a desejar: 4.820 acessos nesse dia.
2) O que pode facilitar a vida de um blogueiro?
Definir o que quer com o Blog, estabelecer um planejamento mínimo e identificar o nicho de leitores pretendidos. Conhecer a si, à "arena de guerra" e a quem objetiva alcançar. Depois disso, tudo o mais é complementar.
3) Qual as estatísticas de acesso ao blog?
Minha média/dia oscila entre 2,3 mil a 2,8 mil/dia ou mais. Aos sábados e domingos isso cai para 1500 ou um pouco mais. Já tive picos em torno de 3.500 e 3.744 (a segunda maior marca).
4) Você adota algum mecanismo para controlar o acesso e o que pode ser feito para popularizar o blog?
Tenho alguns segredos de "Estado" para bombar o acesso. São medidas simples aprendidas ao longo de mais de um ano de trabalho no meio e uma existência dedicada há quase 24 anos ao jornalismo. Aquilo que falei lá em cima é bom reforçar: é preciso conhecer a si, ao público e à arena de batalha. Quanto à popularização, tudo tem a ver com conteúdo. A começar pela obediência à lingua, o conhecimento, o respeito à informação e ao público. O Blog, como a imprensa em si, tem papel de não apenas informar, entreter etc, mas também formar, estimular o debate. O meu trabalho é mais no campo do jornalismo político, mas com inclinações à cultura. A essência é a análise, fomentando a discussão. Não corro atrás do furo. Prefiro esmiuçar as entranhas da notícia que muitas vezes é fornecida secamente por outros blogs ou a mídia convencional (rádio, tv, jornal impresso).
5) Qual a principal dica ou dicas para alguém que está começando um blog?
Se é para apenas brincar de ser jornalista, caia fora. Aparentemente, o que parece ser algo sem compromisso, não perdoa os preguiçosos e relapsos. Quem escreve quando quer, não está na infovia para acrescentar e ser lido. Talvez sirva apenas como terapêutica pessoal.
6) E o aspecto comercial?
Do ponto de vista comercial, é uma mídia em formação, capaz de potencializar satisfatoriamente quem se profissionalizar. Já conheço quem esteja se mantendo graças a blog. Eu - sem talento para vendas e com um estilo cáustico na opinião, pago um preço alto para sobreviver. Sofro boicotes de segmentos políticos e até do próprio meio da mídia convencional. Mas enxergo que o mercado gradualmente vai valorizando o que faço. O movimento "do contra" termina por me ajudar: sinaliza com seu veto, que estou fazendo a coisa certa e incomodando, sendo notado. Não adianta tentar me atrapalhar, me impedir de avançar ou simplesmente me diminuir. Sou do ramo e faço o que gosto, o suficiente para alcançar meus objetivos.
7) Qual o comportamento da mídia que conhecemos até aqui, diante do conteúdo do Blog?
O blog que não apresenta "uma ameaça" como costuma ser divulgado pela maioria dos veículos convencionais. Em alguns casos, como ocorre em relação ao Blog do Carlos Santos, há veto orquestrado dentro de redações e até entre empresas em acordos picarescos. Mas mesmo assim, não param de me consultar diariamente, várias vezes ao dia. O pior é que "chupam" conteúdo de matérias e em muitos casos quase que integralmente, sem fixarem o crédito. Um crime.
8) A mídia convencional, como você chama, vai desaparecer devido ao Blog?
Não, claro que não. Os mais inteligentes e sensatos estão fazendo o mais elementar: se juntando aos blogs. Veja o caso da FM 95 que levou para o Jornal do Meio Dia em Mossoró o Pedro Carlos, eu e Nilo Santos - que somos bastante lidos. A emissora ganhou praticamente três redações distintas e fora de sua estrutura, para produzir um jornal dinâmico, atual, diferenciado, analítico, informativo e polêmico. O sucesso foi praticamente instantâneo. O medo que existe é o medo do desconhecido. Os blogs ameaçam sobretudo a mediocridade, a turma do "releasemania" e do "Control C" e "Control V", ou seja, que nada faz com o próprio cérebro, apenas copiando e colando. Como em qualquer outro segmento, terminam ficando os melhores, os que melhor se adaptarem às exigências de mercado.
9) Qual o futuro do Blog?
Será da multimídia mesmo. Você está acompanhando um jogo de futebol na TV e, em intervalos de lances, clicar para acompanhar o Blog do Carlos Santos na mesma tela, interagir com áudio e vídeo etc. O futuro não tem limites. Adiante, o termo blog deve ser substituído por outro vocábulo etc. O que entendo como mais salutar nesse cenário, é que estamos participando da maior revolução de todos os tempos da comunicação. Depois de Gutemberg, da comunicação de massa com TV e Rádio, temos a Internet definitivamente democratizando a notícia e tornando qualquer indivíduo universal. Está caindo de vez o monopólio da opinião. Ninguém é dono da verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário