Julio Francisco Dantas de Rezende
2009 é o ano no qual se comemora o trecentésimo aniversário da primeira revolução industrial que lançou a era dos combustíveis fósseis. Em 1709 Abraham Darby em Coalbrookdale, Shropshire, na Grã-Bretanha, utiliza o carvão para baratear a produção do ferro. Isso mudou a vida de milhares de pessoas e ajudou a criar o moderno mundo industrial. Desse modo, a Inglaterra é a principal interessada nas comemorações dos 300 anos da Revoluçaõ Industrial. De acordo com Silva (2009), a Grã-Bretanha foi pioneira no processo da Revolução Industrial por diversos fatores:
• Pela aplicação de uma política econômica liberal desde meados do século XVIII. Antes da liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais estavam cartelizadas pelo rígido sistema de guildas, razão pela qual a entrada de novos competidores e a inovação tecnológica eram muito limitados. Com a liberalização da indústria e do comércio ocorreu um enorme progresso tecnológico e um grande aumento da produtividade em um curto espaço de tempo.
• O processo de enriquecimento britânico adquiriu maior impulso após a Revolução Inglesa, que forneceu ao seu capitalismo a estabilidade que faltava para expandir os investimentos e ampliar os lucros.
• firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros países. Um desses acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a decadência da monarquia absoluta portuguesa, em 1703, por meio do qual conseguiu taxas preferenciais para os seus produtos no mercado português.
• A Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão mineral em seu subsolo, principais matérias-primas utilizadas neste período. Dispunham de mão-de-obra em abundância desde a Lei dos Cercamentos de Terras, que provocou o êxodo rural. Os trabalhadores dirigiram-se para os centros urbanos em busca de trabalho nas manufaturas.
• A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir matérias-primas e máquinas e contratar empregados.
Uma terceira revolução industrial seria caracterizada pela geração de novas tecnologias de produção consideradas limpas, isto é com baixo consumo de energia e de geração de energia com baixa, ou nenhuma, produção de carbono. Essa dinâmica implica em um dinâmico processo de geração de novas tecnologias sendo uma enorme oportunidade comercial para países como Inglaterra e Brasil. Alguns consideram que a Inglaterra pode ser o grande vitorioso nessa nova corrida tecnológica e industrial. Será que o Brasil pode reverter esforços em um mesmo sentido? É provável que sim em vista de nossos potenciais naturais e de projetos em consolidação como o de biocombustíveis.
Em 2008 foram investidos na nova economia de baixo carbono 3 trilhões de libras em todo o mundo, uma quantia que pela primeira vez superam os investimentos em combustíveis baseados em carbono. Nesse ínterim é necessária uma ação coordenada entre governo, universidade e empresa. Isto é: fundações de amparo e organismos de financiamento a pesquisa precisam incentivar esse segmento; as universidades precisam gerar novos conhecimentos sobre esse campo tecnológico; enquanto que novas empresas precisam ser incentivadas. Nas estradas do Rio Grande do Norte é comum cruzarmos com caminhões transportando peças gigantescas que irão ser utilizadas na montagem dos aerogeradores que estão instalados em praias como Zumbi. Esses grandes equipamentos que são produzidos no exterior não poderiam ser produzidos no Brasil? Em outras economias como Inglaterra, pesquisadores como Tom Delay acreditam que possam existir oportunidades a partir da energia gerada a partir dos ventos marítimos e dos ventos. Delay (2009) defende que novas tecnologias podem gerar 250 mil empregos e 70 bilhões de libras em uma economia em rede para o ano de 2050.
Referências:
DELAY, Tom. Low carbon economy will transform world like the first industrial revolution. Disponível em http://www.guardian.co.uk/environment/cif-green/2009/jul/02/low-carbon-economy. Acesso em 2 jul. 2009.
SILVA, Patrícia Carla da. Revolução industrial. Disponível em <http://www.administradores.com.br/artigos/revolucao_industrial/27484/> . Acesso em 2 jul. 2009.
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