Céu e inferno
Julio Francisco Dantas de Rezende
Céu e inferno: palavras que representam importantes experiências mobilizadoras de expectativas, medos e preocupações humanas.
A novela da Globo “Escrito nas Estrelas” mostra espíritos no céu expressando-se enquanto “seres” evoluídos. São sempre alguém melhor do que quem está aqui na Terra, pobres pecadores. Pois bem, tendo em vista que a essência humana é a consciência. Como pode ser possível alguém ter sua consciência transformada tão radicalmente após a morte? Como alguém que é extremamente angustiado se transformar na pessoa mais tranqüila daquele mundo? De fato não acredito que isso seja possível, por mais que sejam profundas as transformações humanas em um possível estágio pós-vida. Desse modo, seja neste mundo ou em outra dimensão, o homem é em essência um ser que pode até mudar seus comportamentos, mas é um ser que mantém uma integridade em termos de vivência e comunicação com a sua consciência. Por mais que exista a possibilidade de uma vida após a morte, os seres humanos não se transformariam de forma significativa.
Disserto sobre tudo isso para introduzir uma reflexão profundamente relacionada ao campo da qualidade de vida ou a forma como vivemos as nossas vidas em atenção e comunicação com a nossa consciência: existindo ou não vida após a morte o ser humano reproduziria as experiências da consciência que vivencia hoje, pois o ser humano é essência aquilo que já é.
Talvez o que possa existir em um outro plano de experiência, isto é em um suposto céu ou inferno, é uma condição desapegada de um corpo, de uma expectativa social, que pode se revelar em uma profunda fonte de angústias, estresses e sofrimento. Assim em um céu o homem estaria mais liberto para experienciar os mistérios de sua consciência, conhecendo-se em sua plenitude, identificando-se como alguém muito mais amplo, transpessoal, como realmente o é.
Em vista de tudo o que foi exposto nada garante que exista um suposto céu. Nada também garante que exista um amanhã. O ser humano é extremamente frágil. A morte é a única certeza seja por causas biológicas e naturais ou influenciada por tragédias geológicas, como um terremoto, ou cósmicas como as advindas de um meteoro ou de uma tempestade de raios solares.
Se o ser humano é em essência o agora - neste momento no qual você lê ou escuta a mensagem deste artigo – caberia ao ser humano vivenciar a fundo a experiência de sua vida, esperando que essa vivência encontre o sentido de uma existência feliz. É essa experiência de uma vida feliz que pode ser entendida como o CÉU em sua essência.
Desse modo, o céu ou inferno não residiria em um suposto momento que esperamos distante. Céu e inferno se revelam na atualidade, na maneira como nos comportamos.
Imaginamos o céu e o inferno enquanto estágios finais da trajetória da jornada humana manifesta após a morte. Desse modo, evitamos a todo o custo a morte e os conseqüentes céu inferno.
Assim, normalmente, o ser humano adota uma estratégia de não responsabilizar-se pelo aqui e agora, por sua vida e empreende projetos, comportamentos, conversas com a sua consciência que não produzem uma experiência de saúde, felicidade e amor. Portanto, o comportamento de não aceitar a morte é uma das expressões da ignorância humana. Somado a tudo isso, os estímulos da modernidade tornam ainda mais desafiador o encontro do indivíduo consigo próprio, pois maiores são os ruídos da comunicação em um mundo cada vez mais midiático, com compromissos e atenções não apenas na dimensão do real, mas pertinentemente na dimensão virtual, acalentando assim o caldo das angústias, do imaginário, do invisível, do mental. Nesse ínterim são maiores as receitas ao sofrimento humano. Contudo, não é natural se aceitar o sofrimento, o mundo como está. Alguma coisa precisa ser feito com o propósito da promoção da felicidade, a alegria e a saúde.
Por mais que existam receitas macro que referenciem o desenvolvimento de políticas públicas em prol da saúde, as receitas da felicidade parecem se encontrar em soluções muitos mais simples e não-monetarizadas: o exame da consciência.
Algumas questões referentes ao exame da consciência seriam: como ter uma vida mais simples? Como não cair em armadilhas produzidas por conta própria? Como se responsabilizar pela própria vida? Quais são as motivações pessoais? Essas são questões de fácil formulação, mas de difícil resposta e resultado de embate pessoal consigo próprio.
Se soubermos como ter uma experiência mais sadia em relação à experiência da consciência pessoal estaremos mais próximos do que pode ser considerado CÉU. Se nos afligimos com menos fatores; se conseguimos ter uma vida mais tranqüila, se conseguimos dormir mais; nos relacionamos bens com todas as pessoas; temos paciência com velhos e crianças; se conseguimos brincar em várias situações; se apresentamos uma visão positiva do mundo; se estamos interessados em ajudar outras pessoas, poderemos dizer que estamos próximos de experienciar o que seja o CÉU. Desse modo, qualidade de vida e a experiência de viver no céu são conceitos muito próximos. Desejo que você possa encontrar na vida o céu no sentido do paraíso. Que esta vida agora seja o momento para a felicidade, a saúde, o respeito a si próprio e ao outro. Tudo isso só pode ser trilhado com paz de espírito e consciência. Que você encontre a paz em terra. Responsabilize-se com a sua paz, em encontrar a sua paz. Não culpe outras pessoas pelas suas angústias. O que você precisa decidir para melhorar a sua vida? Responsabilize-se pelo potencial que sua vida tem de ser um paraíso em sua abundância e prosperidade como merece ser. Comece agora.
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