quinta-feira, abril 09, 2020

O lado B do teletrabalho. Por prof. Julio Francisco Dantas de Rezende

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Estou notando que o teletrabalho tem mudado as relações de trabalho, com expectativas ainda maiores quanto aos resultados que cada trabalhador deve apresentar. Sem o contato visual físico, controles e vigilância podem ser maiores à medida que, por exemplo, cobra-se que todos estejam examinando as demandas no grupo do Whatsapp da organização.

O homeworking pode ser nocivo à medida que ele pode promover: 1) Auto-opressão; 2) Estresse; 3) Pensamentos persecutórios; 4) Competitividade/assédio  virtual que não é vista presencialmente; 5) a ameaça à saúde psicológica, vista à real possibilidade de uma demissão em virtude de enxugamento de quadro de funcionários, ou até mesmo falência da organização.
Muitas vezes na situação de teletrabalho, os funcionários: 1)  não possuem um computador adequado, em boas condições de funcionamento; 2)  não têm uma boa internet; 3) acumulam atividades domésticas que competem com as atividades profissionais. As referidas atividades profissionais e pessoais podem entrar em conflito facilmente. Nota-se comumente a interferência de filhos e cônjuges e variados tipos de conflitos que vão prejudicar as atividades laborais. Mães, mais do que pais, podem estar sofrendo ainda mais com essas questões, devido à tradicional forma de distribuição de papeis na sociedade. 4)  muitas vezes não existe um local adequado de trabalho, muitas vezes sem bureau, sem cadeira adequada, pois muitas residências não foram pensadas enquanto locais de trabalho; 5)  falta de ar condicionado ou ventilação adequada, algo relevante em cidades e período quentes do ano, como se observa em Natal.
Além de tudo isso, há um bombardeio de informações de evolução de pessoas doentes e mortes muitas vezes amigos e parentes próximos, relacionadas ao coronavírus. Tudo isso nos chama a atenção gerando distração ou maior dificuldade de concentração no trabalho. Além disso, embates políticos em torno da forma de enfrentamento da pandemia criados pelo presidente, gera ainda mais desatenção aos objetivos de trabalho, tendo em vista debates que incendeiam nas redes sociais. Vivemos tempos difíceis e nada românticos quanto a este tempo de teletrabalho nesta época.

Julio Francisco Dantas de Rezende é administrador, psicólogo, professor da UFRN e diretor da FAPERN.
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www.juliorezende.blogspot.com

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