Estou notando que o teletrabalho tem
mudado as relações de trabalho, com expectativas ainda maiores quanto aos
resultados que cada trabalhador deve apresentar. Sem o contato visual físico, controles
e vigilância podem ser maiores à medida que, por exemplo, cobra-se que todos
estejam examinando as demandas no grupo do Whatsapp da organização.
O homeworking pode ser nocivo à
medida que ele pode promover: 1) Auto-opressão; 2) Estresse; 3) Pensamentos
persecutórios; 4) Competitividade/assédio virtual que não é vista presencialmente; 5) a ameaça
à saúde psicológica, vista à real possibilidade de uma demissão em virtude de enxugamento
de quadro de funcionários, ou até mesmo falência da organização.
Muitas vezes na situação de teletrabalho,
os funcionários: 1) não possuem um
computador adequado, em boas condições de funcionamento; 2) não têm uma boa internet; 3) acumulam
atividades domésticas que competem com as atividades profissionais. As
referidas atividades profissionais e pessoais podem entrar em conflito
facilmente. Nota-se comumente a interferência de filhos e cônjuges e variados
tipos de conflitos que vão prejudicar as atividades laborais. Mães, mais do que
pais, podem estar sofrendo ainda mais com essas questões, devido à tradicional
forma de distribuição de papeis na sociedade. 4) muitas vezes não existe um local adequado de
trabalho, muitas vezes sem bureau, sem cadeira adequada, pois muitas residências
não foram pensadas enquanto locais de trabalho; 5) falta de ar condicionado ou ventilação adequada,
algo relevante em cidades e período quentes do ano, como se observa em Natal.
Além de tudo isso, há um bombardeio
de informações de evolução de pessoas doentes e mortes muitas vezes amigos e
parentes próximos, relacionadas ao coronavírus. Tudo isso nos chama a atenção gerando
distração ou maior dificuldade de concentração no trabalho. Além disso, embates
políticos em torno da forma de enfrentamento da pandemia criados pelo
presidente, gera ainda mais desatenção aos objetivos de trabalho, tendo em
vista debates que incendeiam nas redes sociais. Vivemos tempos difíceis e nada
românticos quanto a este tempo de teletrabalho nesta época.
Julio Francisco Dantas de Rezende é
administrador, psicólogo, professor da UFRN e diretor da FAPERN.
www.juliorezende.blogspot.com
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