O Método Habitat Marte de limpeza de pratos foi desenvolvido na estação de pesquisa Habitat Marte em funcionamento na zona rural da cidade de Caiçara do Rio do Vento (Rio Grande do Norte). O método é resultado também da observação do funcionamento na estação Mars Desert Research Station em Utah, Estados Unidos. O método foi criado pelo prof. Julio Rezende com colaboração de Davi Souza com o propósito de reduzir ao máximo o consumo de água durante a limpeza dos pratos.
O propósito de refletir sobre o consumo de água na estação Habitat Marte, deve-se a essa funcionar conforme o conceito de auto-sustentabilidade, devendo consumir água da chuva que ela mesmo coletou, realizando a gestão e procurando fazer o bom uso desse recurso.
O principal ponto do método é: 1) Pré-limpeza antes de contato com a água; e 2) a limpeza antes da contaminação. A contaminação a que nos referimos é a gordura que se deposita na parte superior dos pratos e em algumas partes dos talheres que estão em contato com o alimento. Desse modo, não é necessário limpar todo um prato com rigor se a maior parte dos resíduos dos alimentos estão depositados na parte superior desse utensílio.
Basicamente, defende-se que os pratos venham a ser limpos antes de serem depositados na pia. As sujeiras podem ser eliminadas pontulmente, diminuindo o consumo de sabão e tornando mais eficiente o processo de limpeza.
Nessa concepção, a pia não deve ser um local de coleta de pratos sujos, mas simplesmente um local de coleta da água que foi utilizada na limpeza dos pratos. Desse modo, isso implicaria em uma nova forma de trabalho que consistisse em retirar os pratos da mesa à medida que eles pudessem ser limpos e colocados já em escorredor de pratos, não sendo nem mesmos colocados dentro da pia. Mostra-se importante nesse modelo, uma superfície como uma grande mesa para acomodar pratos, recipientes, para aguardar a limpeza individual.
A estação de pesquisa Habitat Marte possui o protocolo de limpeza de pratos e gestão sustentável da água. São recomendações desse protocolo:
1.. Antes de lavar pratos e panelas, limpar os restos de comida;
2. Desligar a torneira quando não estiver sendo utilizada;
3. Utilizar uma bucha secundária para limpeza dos resíduos que estejam fixados e que exijam mais força para realizar a remoção;
4 – Limpar o mais rápido possível os pratos após o momento das refeições, de modo a evitar maior dificuldade de limpeza e maior consumo de água;
5 – Ir limpando panelas que tenham sido utilizadas logo após seu uso, tendo em vista ocupar menos espaço na bancada, assim como evitar que se torne mais difícil a retirada dos resíduos de alimentos;
6 – Guardar utensílios que não tenham utilidade e que venham a ocupar espaço no próximo procedimento de limpeza de pratos.
Vantagens da pré-limpeza:
a) acúmulo de resíduos que podem servir para a compostagem, reuso em processos de agricultura orgânica ou alimentação de animais domésticos;
b) água mais limpa facilitando os processos de reaproveitamento da água nos sistemas de produção auto-sustentáveis.
Desvantagens observadas no modelo atual de limpeza de pratos:
1. Maior desperdício de água;
2. Mais tempo para limpeza dos pratos;
3. Uso de mais detergente;
4. Maior impacto no meio ambiente;
5. Mais trabalho;
6. Mais esforço físico;
7. Mais gasto de outros recursos consumidos no ambiente como: energia (luz/ ar condicionado);
8. Maior custo de operação;
9. Mais desgaste/ estresse psicológico;
10. Maior possibilidade de quebra de pratos e copos, tendo em vista a necessidade de se utilizar mais sabão e esses utensílios ficarem mais escorregadios;
11. Maior exposição ao adoecimento, pelo tempo dispendido em uma mesma postura física e por maior contato das mãos com os produtos de limpeza (caso não esteja usando luvas) que pode gerar doenças de pele e outras alergias.
As desvantagens relacionadas justificam a proposição do protocolo de limpeza de pratos e gestão sustentável da água.
A motivação da publicação deste artigo deve-se a observar alertas da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN quanto às possibilidades de falta de abastecimento de água, até mesmo uma crise, devido a ter aumentado significativamente o consumo de água durante o período em que as pessoas estão em isolamento na época do coronavírus. Outra razão deste artigo é estar mais tempo em domicílio assumindo mais tarefas diárias, como a limpeza dos pratos, entre outros afazeres.
A limpeza de pratos pode parecer um tema de menor importância, que não merece atenção, mas se refletirmos sobre métodos errados sendo utilizados nesse procedimento em milhões de residências em todo o mundo é possível observar a pressão nos sistemas de abastecimento, muitas vezes gerando a falta de água em atividades essenciais, contribuindo para o colapso da qualidade de vida nos centros urbanos, pois poderá se imaginar caixas sanitárias sem água para dar descarga, ou a falta de água para a limpeza das mãos. Esse é ainda um cenário totalmente caótico e de maior impacto em organizações hospitalares. Desse modo, esse é um tempo de grande responsabilidade e vermos como podemos observar melhorias em diferentes esferas da atuação humana.
Julio Francisco Dantas de Rezende é administrador, psicólogo, professor da UFRN e diretor da FAPERN.
www.juliorezende.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário