quarta-feira, junho 09, 2010

Iniciação científica, inovação e sustentabilidade

Iniciação científica, inovação e sustentabilidade

Julio Francisco Dantas de Rezende
E-mail: jrezende@digi.com.br

      Considerando-se que a pesquisa científica e tecnológica é a base da inovação, a iniciação científica é o primeiro passo para o aluno interessar-se e fazer parte da atividade de pesquisa.
A atividade de iniciação científica é, em grande modo, uma responsabilidade do professor universitário. O professor, antes de tudo, precisa possuir uma sólida competência de pesquisa. Em seguida este mesmo professor criará um grupo de pesquisa e elaborará projetos para a serem submetidos a editais de apoio à pesquisa e à atividade de iniciação à pesquisa disponibilizados pela própria universidade ou agências de fomento como a fundação de amparo à pesquisa estadual, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou outras linhas de fomento.
É a estruturação de um grupo de pesquisa consistente com disponibilidade de recursos para o trabalho do professor e estudantes universitários que permitirá a criação de uma ambiência adequada ao desenvolvimento de uma atividade de pesquisa.
A disponibilização de bolsas de iniciação científica de modo permanente e contínuo pode servir como um elemento motivador a uma dinâmica de pesquisa por parte dos alunos. Desse modo, repousa nos professores uma elevada responsabilidade em escolher alunos, disponibilizar bolsas e manter uma equipe de jovens pesquisadores motivada e produtiva.
Quando o aluno tem a oportunidade de participar de um grupo de pesquisa e ser bolsista se torna mais confortável experienciar-se no presente enquanto um pesquisador e imaginar-se futuramente como tal.
O processo psicológico de se tornar pesquisador envolve se refletir constantemente sobre a trajetória que se está construindo. Desse modo, quando não se encontram elementos recompensadores como bolsas, participação em encontros em outras cidades e estados, entre outros elementos motivadores, a experiência de imaginar-se pesquisador é prejudicada.
A atividade de se tornar pesquisador, ao invés de outras atividades profissionais, consume uma relevante quantidade de anos diferente de outras atuações profissionais que podem ser executadas após um período de formação bastante breve. Um pesquisador em sua trajetória de graduação, mestrado e doutorado pode consumir mais de 10 anos. Portanto uma atividade de iniciação científica bem conduzida pode colaborar em um processo de “fidelização” do aluno com essa prática frente a outras vantajosas e oportunidades que surgem no transcurso de uma graduação.
Como parte do ofício de jovem pesquisador, encontra-se o desenvolvimento de um sentido de explorar novos conhecimentos, lugares, teorias. O jovem pesquisador deve encantar-se, relacionar-se e participar de um processo de levar desenvolvimento a quem precisa.
Aos professores orientadores e líderes de grupos de pesquisa repousa a responsabilidade de cultivar um sentido de inovação e sustentabilidade na atividade que está sendo desenvolvida. A inovação se relacionaria a professor e aluno refletirem sobre como o objeto do que se está a se pesquisador pode se tornar em novas tecnologias, produtos, serviços, patentes, publicações e objetos de interesse de uma comunidade que venha a ser atendida com os frutos do desenvolvimento da pesquisa.
O conceito da sustentabilidade aplicada à atividade de iniciação científica se relacionaria a se refletir sobre a necessidade da sustentabilidade econômica do que se está a empreender, sobre os impactos ambientais das pesquisas que estão a ser empreendidas e sobre os possíveis impactos sociais da pesquisa.
Em vista de tudo o que foi relatado, verifica-se que a atividade de iniciação científica apresenta-se como um componente importante, um primeiro passo na estruturação de práticas no contexto de uma política de ciência, tecnologia e inovação.
Esta reflexão sobre a iniciação científica foi desenvolvida a partir da preparação de palestra de abertura com título “Cultura de Inovação e Sustentabilidade: desafios para a iniciação científica” no II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica. O Congresso foi uma organização conjunta da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), do Instituto Federal Fluminense (IFF) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) em 7 de junho de 2010. São em encontros como esse que se verifica a profundidade e o sentido estratégico de um tema como a iniciação científica.
A presente reflexão é oportuna à medida que se aproxima a realização da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Natal no período de 25 a 30 de julho de 2010 na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Na eminência da realização desse importante evento de incremento da atividade de iniciação científica, as instituições de ensino superior públicas e privadas deveriam dedicar mais tempo à reflexão sobre sua atividade de iniciação científica e quanto a uma necessária política que oriente o desenvolvimento dessa importante atividade acadêmica para a formação profissional, considerando-se que em muitas áreas do conhecimento a atividade de pesquisa é quase uma necessidade enquanto um processo que complementa o ensino e consolida o processo de aprendizagem e o desenvolvimento de um perfil profissional sólido e de empregabilidade e empreendedorismo.

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