segunda-feira, março 30, 2020

Os Habitats Autossustentáveis e a sobrevivência humana em uma época de pandemias. Por professor Julio Francisco Dantas de Rezende





           Estudando o coronavírus, percebe-uma importante contribuição ao tema: os habitats autossustentáveis. Por que os habitats autossustentáveis apresentam uma importância quanto ao futuro humano?
O coronavírus mostrou que a possibilidade de uma pandemia, antes vista como uma ficção científica, hoje é uma realidade irrefutável. Negamos durante muito tempo o risco desse tipo de praga, pois precisamos focar nosso pensamento em fatos positivos, em realizar nosso trabalho e em nossa rotina diária. Isso se deve também, talvez, por nosso medo quanto às ameaças ao nosso futuro, à nossa felicidade.
Contudo, pensadores e personalidades como Bill Gates, já vinham apresentando preocupação com uma possível epidemia de escala global. Em março de 2015, Gates apresentou um TED sobre A Próxima Epidemia chamando atenção sobre os poucos investimentos em pesquisas e preparação para respostas a uma possível doença de alta disseminação.
O que é ainda de maior preocupação é quanto às novas ameaças biológicas que venham surgir. Sobre o futuro do coronavírus pode ocorrer: mutações ao longo de sua propagação, dificultando seu combate e a formulação de um medicamento; a possibilidade de uma pessoa que foi contaminada vir a ser contaminada novamente; e que novas pestes desse tipo, ou ainda piores, possam voltar a ocorrer.
Observando o cenário de hoje e amanhã, os habitats autossustentáveis podem ser o futuro da humanidade, tendo em vista a necessidade de promover o isolamento permanente e se evitar a contaminação. Para que isso seja possível, esses habitats autossustentáveis apresentam características que permitem a produção de alimentos, a geração de energia, a coleta e tratamento de água e o tratamento do esgoto e dos resíduos.
Mostra-se importante esses ambientes funcionarem em locais isolados geograficamente, de modo a dificultar a possível chegada de agentes contaminantes. A eficiência na produção de alimentos em áreas limitadas, em sistemas fechados como estufas com uso de tecnologias como aquaponia ou hidroponia, é necessária. É possível estratégias de recuperação e integração com o meio ambiente para produzir alimentos, como é o caso das agroflorestas.
A humanidade precisará estar mais próxima da natureza, de modo sustentável! Pesquisas indicam que entre as possíveis razões do surgimento de pandemias sejam: o desmatamento; a expansão urbana; a diminuição da biodiversidade; o aquecimento global e a exposição de patógenos que estavam congelados em antigas camadas de gelo na região polar. Nesse sentido, seria pertinente questionar: nosso futuro será no meio rural, em locais isolados do contato humano, se quisermos sobreviver enquanto espécie?
Algo que facilitaria a nossa vida no meio rural isolado seria a internet. Com as tecnologias de informação e comunicação, hoje é possível uma família viver em uma habitação distante; dos filhos aprenderem novos conhecimentos e até de construírem uma formação; de os pais prestarem serviços à distância e de se ter apoio médico por telemedicina.
            Saiba que existe um empreendimento no hemisfério sul que funciona conforme as características de autossustentabilidade. Trata-se da estação de pesquisa Habitat Marte. Localizada na zona rural de Caiçara do Rio do Vento, Rio Grande do Norte, a iniciativa funciona a 2 anos, possuindo em sua infraestrutura a capacidade de acomodar 6 pessoas; uma área de produção de alimentos de 120 m2; sistema de tratamento de esgoto; sistema de geração de energia solar (em instalação) e outros protocolos e tecnologias em desenvolvimento. Mais informações sobre o Habitat Marte em www.HabitatMarte.com. O projeto está em busca de parcerias e identificar como pode ser útil para convivermos com a atual e futuras epidemias. Este seria o projeto mais inovador de nossa época?

Julio Francisco Dantas de Rezende é administrador, psicólogo, professor da UFRN e diretor da FAPERN.

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