Tive um debate interessante com os meus alunos sobre a distinção entre emoções sentidas e emoções demonstradas. Esse debate foi um interessante ponto de partida para discutir a natureza da felicidade e como esse tema termina por ser pertinente no unvierso organizacional. É interessante caracterizar que nem sempre as emoções demonstradas são iguais às emoções sentidas. Muitas vezes, o que o indivíduo expressa não é compatível com o que está sentindo. Assim, um indivíduo pode transparecer que está alegre estando na verdade triste. De certo modo, no universo organizacional o que se apregoa é o império da felicidade. Todos têm que ser e estar felizes. Nada contra, muito pelo contrário. Contudo, a política de desejar o "expressar-se feliz" é incompatível com uma verdadeira experiência subjetiva do indivíduo. O que seria interessante é que os indivíduos que expressam-se felizes realmente estivessem felizes e isso só é parcialmente possível quando a organização na qual o indivíduo trabalha apresenta políticas organizacionais para a promoção daquilo que seria uma experiência de felicidade. De qualquer modo é também errôneo acreditar que a felicidade seja determinada por fatores externos e que seja possível à empresa controlar, promover e gerenciar a felicidade com um recurso, como são outros ativos, pois na maior parte das vezes a angústia, a ansiedade, a auto-cobrança também é um status da experiência de qualquer indivíduo que não necessariamente apresenta uma conotação doentia. Perseguir objetivos, metas, em certas circunstãncias é uma experiência feliz, assim como o ambiente externo no qual as organizações se inserem apresenta características confortáveis àqueles que participam de um ambiente concorrencial/econômico competitivo. Desse modo, talvez um encaminhamento interessante para as organizações seria essas dar as condições para os indivíduos encontrarem espaços para o desenvolvimento de uma experiência auto-realização, dinâmica essa muito mais interessante quando é compatível com o atingimento de metas de lucratividade e rentabilidade. O pensador organizacional brasileiro Alberto Guerreiro Ramos, autor de "A Nova Ciência das Organizações" (1981) possuia uma visão crítica sobre as organizações estarem realmente preocupadas com a auto-realização dos funcionários. A mim parece que o exame e a trilha para se encontrar uma experiência do que é ser feliz será sempre uma dinâmica de auto-exame, da verificação da motivação, da identificação e compreensão das fraquezas; é a busca por um comportamento de retidão quanto a própria condição. Muitas vezes esses espaços para se encontrar a felicidade pode ocorrer através de uma prática de auto-conhecimento ou por meio da própria psicoterapia.
Retomando ao ponto de partida sobre a distinção entre emoções sentidas e emoções demonstradas, percebe-se que é pertinente às organizações, diga-se gestores, desenvolverem novas capacidades para perceberem as emoções experienciadas por seus colaboradores e colegas. É necessário ter um entendimento sobre as emoções mais íntimas. Nesse sentido, paira questão: os colaboradores encontram-se realmente felizes? Quais são os fatores que interferem nessa experiência? O que é responsabilidade da organização? O que está alcance da empresa para a edificação de um trabalho mais feliz? De modo geral contata-se que cabe às organizações incorporarem enfoques cada vez mais substantivos, isto é: metodologias que ofereçam subsídios à compreensão daquilo que faz do indivíduo um ser humano, uma pessoa. Nesse ínterim, alguns combustíveis seriam a filosofia, a sociologia, a psicologia, as artes.
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